quinta-feira, 3 de junho de 2010

Comentários e comentaristas


Acredito que a atividade que exerço desde a minha adolescência (ingressei no Magistério com 18 anos incompletos) tornou-me um ser engajado às problemáticas pessoais e lapidou a paciência, o discernimento, a boa vontade e a capacidade mastodôntica para amar e perdoar ofensas e aos detratores. O que escrevo hoje é fruto de um comentário postado por anônimo que manifestou, com apenas duas palavras, o seu desconforto com os problemas da língua portuguesa ou com a postagem feita por mim.

Tentando ajudar os meus leitores, venho fazendo artigos centrados em regras, que tento suavizar através de recursos mnemônicos. Traduzindo: ao lado de regras sisudas, acrescento os macetes, as famosas muletinhas que fui criando ao longo dos anos e que sempre agradaram e agradam aos meus atentos alunos. Relendo-os na citada postagem, percebi que, expostos assim, no seco, na dureza das palavras, não se revestem do mesmo encanto e facilidades de quando os apresento a eles ao vivo e em cores. Acredito vir daí a indignação de meu leitor que achou “uma bosta” o que eu havia postado.

Em minha defesa, logo abaixo desse estranho e sincero desabafo, outro leitor fiel, sensível, atencioso e sempre disposto a elevar o meu humor e ego, teceu palavras de conforto e de incentivo. Na resposta, argumentei que, se publicasse o que recebo por e-mail, muitas vezes, evidenciando o desconforto dos “e-mailistas” pela “burrice crônica” talvez, dariam boas e gostosas risadas com o"ataque" deles ou se encheriam de cólera e aconselhar-me-iam a fechar, em definitivo, este espaço. Não o nego que já fui tentada a fazê-lo na ocasião em que postavam comentários pouco lisonjeiros, todavia aprendi a conviver com o outro lado da "glória”.

Tive uma grande amiga que, nas raras ocasiões em que perdi a compostura e contei-lhe algum de meus desconfortos, disse-me estas palavras acalentadoras: “só criticam alguém que algum mérito tem e os teus são méritos gigantescos”. Nunca me esqueci de suas palavras e, quando algo não sai como espero, penso nela e, bem baixinho, respondo-lhe, sei que ela me escuta e me sorri feliz, insensível às injustiças terrestres, ocupada com os afazeres lá das planuras celestes: “falem bem ou mal, amiga querida, mas falem de mim”.

Quem escreve para os outros darem opiniões, deve ter maturidade para receber elogios e também críticas adversas. E o pior de tudo é que gosto desses pequenos “desaforos”, porque melhor tê-los do que nada ter. Ou seja, só fico triste, quando não fazem comentário algum porque isso me leva a crer que não fui lida por ninguém. (Ainda mais depois que “perdi” o cronômetro que media o número de visitantes). Portanto “que vienga el toro”, porque “ hay que endurecer, pero sin perder la ternura”.

Nessas ocasiões, questiono-me também se este blog presta algum serviço, é de alguma utilidade ou não passa de um reles instrumento para eu ficar lançando, inutilmente, palavras para apenas eu e raríssimos leitores lerem o que posto. Vale lembrar que adoro escrever e, por tal motivo, torno-me, como hoje, inconveniente e prolixa. Penso, devido a isso também, em desistir e finalizar as minhas atividades blogueiras. Então, surge o meu Amigo Anjo Número Dois, que me impele a continuar e eu, rendida e grata, continuo...

Aproveito o momento de confessionário, de aluguel dos olhinhos dos leitores e, aos que me admiram, ofereço as belezuras aí de cima. Aos que me desaforam, ofereço-as também, porque " sempre fica o perfume em mãos que oferecem (e recebem) flores".

E a ti, Amigo Incentivador,

aceita estas orquídeas como se fosse um relicário onde posso depositar gestos de fidelidade a este blog, carinho, persistência no incentivo recebido por teus comentários sempre generosos, porque considero essas flores exemplos de delicadeza, perfeição e encantamento.

Que tu e os outros leitores tenham um excelente feriado!

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